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Pré-Fórum do Comitê Macaé Ostras reúne jovens para debate virtual sobre recursos hídricos

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Evento é realizado pelo sexto ano consecutivo e tem o objetivo de mobilizar a juventude para a gestão das águas

Todos os anos, desde 2015, jovens da Região Hidrográfica dos rios Macaé e das Ostras têm a oportunidade aprofundar o conhecimento sobre os recursos hídricos e a gestão das águas. Criado para mobilizar e conscientizar o público juvenil sobre o tema, o Fórum Água e Juventude (FAJ) chegou, em 2020, à sua sexta edição, demonstrando que a adaptação aos novos tempos está na essência do projeto.

Nesta sexta-feira (28), cerca de 50 pessoas se ajustaram à necessidade de distanciamento social e participaram, por videoconferência, da fase preliminar desta 6ª edição, que colocou em debate as estratégias de mobilização em tempos de pandemia.

O evento, organizado pelo Comitê de Bacia Hidrográfica dos rios Macaé e das Ostras, se tornou parte do calendário de estudantes dos mais diferentes pontos da Bacia Hidrográfica, como a universitária Alice Adnet, estudante de Licenciatura em Educação do Campo pela Universidade Federal de Viçosa (MG), que esteve presente em todas as edições do FAJ, desde quando estava no Ensino Médio, e, agora em 2020, aos 21 anos, foi uma das palestrantes neste Pré-Fórum.

Alice Adnet
  • Em 2014 participei como estagiária do projeto Águas Para o Futuro (realizado com alunos do Colégio Estadual José Martins da Costa, em São Pedro da Serra, Nova Friburgo, para monitoramento de mananciais, com financiamento do Comitê de Bacia), e para mim foi um despertar. Depois disso estive em todas as edições do Fórum Àgua e Juventude. Esses projetos tiveram muita importância na minha formação. Acredito que eles proporcionam uma conscientização sobre a importância da água, não só pela nossa perspectiva local, mas dentro de um contexto de crise e escassez de recursos hídricos, além de todas as questões enfrentadas, todos os interesses que giram em torno do uso da água. É uma maneira de abrir os olhos de forma crítica para a realidade. Além disso, eles permitem uma interação entre jovens de diferentes pontos da bacia hidrográfica, cada um com a sua realidade, em uma troca de experiências muito rica – considera Alice Adnet, que atualmente realiza um projeto de pesquisa na faculdade sobre “Princípios e Práticas da Educação Sustentável”.
Lucas Chaves

Além de Alice, tiveram fala durante a programação do Pré-Fórum o estudante Lucas Chaves, da Universidade Federal Fluminense (UFF), campus Macaé, que falou sobre a conjuntura atual da política ambiental no Brasil, o ativista Breno Henrique de Souza, da organização DataLabe, que realiza levantamento de dados na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro e o estudante Gabriel Lessa, acadêmico de Ciências Biológicas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em Macaé. Também houve debate aberto a todos os presentes na sala virtual.

Gabriel é membro da Plenária do CBH Macaé Ostras, representando a Associação Raízes, e destaca a abertura do colegiado para temas relacionados aos jovens da região.

Gabriel Lessa
  • A realização do Pré-Fórum em plena pandemia reforça que a mobilização e o engajamento precisam ser ativos neste momento excepcional. Muito em breve iremos nos reencontrar e realizar atividades presenciais, mas, enquanto isso não acontece, precisamos unir forças e conhecer a luta da juventude, que precisa estar inserida nos espaços de grandes discussões, como o Comitê de Bacia, dialogando e pensando em um futuro menos desigual no direito de acesso à água – afirma Gabriel.

Durante o evento, ficou definido que o Fórum Água e Juventude de 2020 também será realizado em plataforma online, com previsão de data para o dia 23 de outubro. Também foi criado um grupo no Whatsapp entre os presentes para a organização das atividades.

Na edição do FAJ em 2019, cerca de 120 jovens estiveram reunidos em Lumiar, distrito de Nova Friburgo. Além de palestras e oficinas, eles fizeram uma manifestação pelas ruas como parte da Marcha Global pelo Clima.

Para o presidente do Comitê de Bacia dos rios Macaé e das Ostras, Rodolfo Coimbra, o objetivo é fortalecer a participação social e ampliar o engajamento da juventude com as políticas públicas relacionadas à gestão dos recursos hídricos.

  • Tais iniciativas se devem à necessidade de buscar novos olhares para a solução de demandas rotineiras e em longo prazo, diante do atual comprometimento dos recursos naturais. É essencial que a sociedade esteja bem informada e capacitada a opinar acerca da sustentabilidade e do desenvolvimento humano nos diversos ambientes, em especial o balanço hídrico da nossa região hidrográfica, que já aponta para cenários alarmantes nos próximos anos – alerta ele.

Dentro do Comitê de Bacia, o Fórum Água e Juventude é organizado no âmbito da Câmara Técnica de Educação Ambiental e Comunicação (CTEACOM). A coordenadora da Câmara Técnica, Leideane Freire, representante da ONG AMA Lumiar, afirma que o Comitê busca sempre inovar.

  •  A ideia de preparar um Pré-Fórum usando as plataformas digitais foi um desafio gratificante. Acreditamos que o direito universal do uso das águas e sua proteção são cruciais. Infelizmente, estamos vivendo momentos de extrema insegurança no que se refere ao meio ambiente. O desmonte das políticas públicas tem se intensificado, e acreditamos que somente com informação e adesão dos jovens ao debate é que poderemos construir um futuro mais promissor – afirma ela, completando:
  • É importante lembrar que, de acordo com o Estatuto da Juventude, os jovens têm direitos relativos à cidadania, participação social e política, representação juvenil, meio ambiente e sustentabilidade, dentre outros. Os jovens de hoje serão os futuros gestores dos recursos hídricos. A juventude sempre tem algo a dizer, a acrescentar.  Precisamos e devemos ouvir as suas expectativas, os seus medos e receios. Juntos podemos traçar a rota para um bela gestão dos recursos da nossa bacia hidrográfica.

Ligada ao evento desde as primeiras edições, a professora Virgínia Sá Rego, representante no Comitê da Associação de Moradores e Amigos de São Pedro da Serra, reforça a importância da formação de novas lideranças, que poderão, no futuro, dar continuidade ao legado da luta ambiental na região.

  • Os jovens precisam participar da gestão dos recursos hídricos e o CBH Macaé precisa renovar os seus membros. Assim, a realização do FAJ tem como objetivo sensibilizar, informar e instrumentalizar a juventude da nossa região hidrográfica para defender e cuidar deste bem de uso comum tão fundamental para a vida, que é a água – acrescenta ela.