A Região Hidrográfica do Macaé e das Ostras (RH-VIII), segundo a classificação de KÖPPEN (1948), apresenta clima tropical úmido (Aw) nas porções dos médios e baixos cursos dos seus rios, e clima tropical de altitude com verões quentes (Cwa) na porção dos altos cursos do rio Macaé e de seus afluentes pela margem esquerda.
A variedade de tipos de relevo condiciona uma marcante diversidade climatológica, sobretudo quando se considera a influência das escarpas serranas na distribuição irregular das chuvas e das temperaturas médias. As maiores temperaturas ocorrem durante os meses de verão (dezembro a fevereiro) e as menores durante os meses de inverno (junho a agosto).
Analisando-se a rede de isoietas médias anuais (mapa abaixo), observa-se que a parte alta da bacia do rio Macaé e oeste da RH VIII apresenta índices pluviométricos superiores a 1900mm, atingindo até cerca de 2500mm nas cabeceiras do rio Macaé. A pluviometria decresce no sentido de oeste para leste atingindo valores da ordem de 1100mm no litoral. Na bacia do rio das Ostras a média anual de chuvas oscila, de modo geral, entre 1.100 a 1.500mm. Ela é superior apenas no extremo noroeste da bacia, onde são registradas precipitações da ordem de 1600 a 1.900mm. O período mais chuvoso corresponde ao trimestre dezembro, janeiro e fevereiro. Os eventos de chuvas mais intensas ocorrem nesse período, com picos de até 100mm em um intervalo de 24 horas, com períodos de recorrência de 8 a 10 anos.
Fonte: Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Macaé e das Ostras. 2014. Relatório de Caracterização da Área de Estudo. Disponível aqui.
Relevo
A área da RH tem o relevo, na sua parte correspondente ao trecho superior da bacia do rio Macaé, constituído principalmente por encostas íngremes. Já no médio curso do rio Macaé, ocorrem grandes desníveis no relevo, com encostas muitos íngremes, sobretudo nos distritos de Sana, de Glicério e Frade. Na porção inferior predomina um relevo plano de baixas altitudes (< 500m) cortado por fundos de vales com altitudes de 20 a 100m e associado a mar de morros e pequenas serras que dividem a bacia do rio Macaé das pequenas bacias costeiras que drenam áreas litorâneas.
O relevo na bacia hidrográfica do rio das Ostras é de formação recente, tendo suas principais feições geradas durante o período Quaternário. As maiores altitudes encontram-se na parte norte e noroeste da bacia, tendo o ponto culminante na Serra Seca, com aproximadamente 610m de altura.
Fonte: Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Macaé e das Ostras. 2014. Relatório de Caracterização da Área de Estudo. Disponível aqui.
Secretaria do Estado do Ambiente. Análise e qualificação socioambiental do Estado do Rio de Janeiro (Escala 1:100.000) subsídios do Zoneamento Ecológico Econômico. Rio de Janeiro.
Solo
Solos são materiais minerais e/ou orgânicos, dispostos em camadas ou horizontes na superfície superior do terreno, resultantes da decomposição das rochas ou dos restos de vegetais. A decomposição das rochas se dá através de agentes físicos, como a temperatura; químicos, como a ação da água produzindo a hidrólise dos minerais; e biológicos, como a ação dos microrganismos. Foram identificadas 21 unidades de mapeamento de solos na Região Hidrográfica do Macaé e das Ostras (RH-VIII), conforme apresentado em Mapa.
Rochas
Os aspectos geotécnicos gerais encontrados nas rochas mapeadas para a Região Hidrográfica Macaé e das Ostras (RH-VIII) são os seguintes:
Rochas Graníticas e Granitóides: Encontradas, principalmente no domínio das Escarpas Serranas, as rochas graníticas dos corpos ígneos representados pelo Granito Sana (Cgrs), Granito São Pedro (Cgrsp), o Granito Nova Friburgo (Cgrnf) e os gnaisses-granitóides da Serra do Pote e da Serra do Sossego, apresentam, em geral, alto grau de coesão litológica à base de quartzo, mica e álcali-feldspato. Nesta classe incluem-se também os granitóides da Suíte Desengano (Npsd) e das subunidades desta suíte magmática: Unidade Desengano (Npsdu) e Brecha Magmática (Npsdbm).
Rochas Gnáissicas: As rochas gnáissicas na bacia hidrográfica do rio Macaé estão presentes na Unidade Crubixais da Suíte Desengano (Nscb), intrudidas em alguns locais das rochasmetassedimentares da Unidade Megassequência São Fidélis (MNps) e na Unidade Glicério (MNpsg) do Complexo Paraíba do Sul, além do Complexo Região dos Lagos (PPrl) e de sua Unidade Região dos Lagos-porfirítico da Suíte Bela Joana (PPrlp), compondo terrenos onde são encontrados variados litótipostexturais e composicionais.
Rochas Metassedimentares: As rochas metassedimentares da região hidrográfica Macaé e das Ostras estão representadas pela maioria dos litótipos da Unidade Megassequência São Fidélis (MNps), pelos metacarbonatos da Unidade MetacarbonáticaCalcissilicática (MNps-ca) e pelos metacalcários da Unidade Italva (MNpsi), todas pertencentes ao Complexo Paraíba do Sul.
Rochas Brechóides: As rochas brechóides representadas na bacia hidrográfica do rio Macaé pelas Brechas Magmáticas da Suíte Desengano (Npsdbm), apresentam constituição básica de sílica (chert), sendo bastante resistentes aos agentes externos de intemperismo.
Coberturas Coluviais e Depósitos de Tálus: Na Região hidrográfica Macaé e das Ostras estão representados pelos Depósitos Alúvio-Coluvionares (Qha), constituindo uma fração dos sedimentos quaternários existentes na área de estudo, e pelos Depósitos de Tálus- Colúvio (Qhtc), compondo as porções de rochas e sedimentos inconsolidados de depósitos de pedimento (tálus).
Coberturas Sedimentares Quaternárias: São representadas na região hidrográfica Macaé e das Ostras pelos Depósitos Alúvio-Coluvionares (Qha), Depósitos Flúvio-Lagunares (Qhfl) e pelos Depósitos de Restinga, Eólicos e Marinhos (Qphrm) constituídos por sedimentos inconsolidados, semi-consolidados e consolidados, de textura e granulometria bastante variadas, por vezes, com matacões e blocos imersos, além de coberturas de cascalhos e conglomerados. Apresentam, no entanto, sedimentos essencialmente franco-arenosos, areno-silto-argilosos e argilo-arenosos, de acordo com a dinâmica hidráulica e de retrabalhamento dos sedimentos segundo a compartimentação geomorfológica.
Fonte: Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Macaé e das Ostras. 2014. Relatório de Caracterização da Área de Estudo. Disponível aqui.
Flora e Vegetação
Como todo o Estado do Rio de Janeiro, a região hidrográfica Macaé e das Ostras pertence ao bioma da Mata Atlântica característico por florestas fechadas com arvores de médio e grande porte e possui uma grande diversidade de ecossistemas. Dentro deste bioma se destaca o Corredor da Serra do Mar que abrange um dos maiores remanescentes da Floresta Ombrófila Densa.
A riqueza natural da Mata Atlântica é demonstrada por números que impressionam: 50% das espécies de árvores só são encontradas neste ambiente. No caso da fauna, 39% dos mamíferos que vivem na floresta são endêmicos. Mesmo com a devastação acentuada, a Mata Atlântica ainda abriga uma parcela significativa da diversidade biológica do Brasil, com os já citados altíssimos níveis de endemismo.
A região hidrográfica de Macaé e das Ostras em sua totalidade ocupa a área do Corredor Central da Serra do Mar. Nesta região a paisagem, excetuando as áreas urbanizadas, está representada por remanescentes florestais de tamanhos e formatos variados, altamente perturbados e inseridos em amplas extensões campestres.
Áreas que apresentam vegetação em melhor estado de conservação encontram-se nas porções altas do rio Macaé e de seus tributários e em algumas manchas na parte central e nordeste da bacia do rio das Ostras. A região das bacias dos rios Macaé e das ostras possui quatro elementos fitofisionômicos básicos, característicos do bioma mata atlântica, floresta ombrófila densa,floresta estacional semidecidual, manguezal e a restinga.
A floresta ombrófila densa, floresta estacional semidecidual se dividem em quatro formações, segundo as condições de relevo e altitude, que são: de terras baixas, sub-montana, Montana e alto Montana.
Fonte: Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Macaé e das Ostras. 2014. Relatório de Caracterização da Área de Estudo. Disponível aqui.
A parte alta da região hidrográfica VIII apresenta diversos grupos de fauna devido à riqueza da vegetação, nesta região é possível encontrar grupos pertencentes ao topo de cadeia alimentar.
Para o grupo de mamíferos é possível localizar espécies ameaçadas e raras como o sagui-da-serra-escuro, o veado-mateiro, e em destaque a onça-pintada. A avifauna, como em todo estado do Rio de Janeiro, é riquíssima encontrando diversas espécies pertencentes a lista oficial de animais ameaçados de extinção, como o papo-branco (Biatasnigropectus) e abriga 15% do total de espécies da avifauna nativa do estado.
Na parte mais baixa da bacia os fragmentos florestais são mais raros, fazendo com que a fauna tenha como refúgio as unidades de conservação. Encontrando espécies comuns em sistemas abertos, como o cachorro do mato e diversos roedores. Espécies que se adaptam com facilidade ao convívio com seres humanos.
A reserva biológica União juntamente com a de Poço das Antas é utilizada para realocação do mico-leão-dourado, que se encontra em risco de extinção.
Um aspecto marcante sobre a fauna aquática da região é que no curso do rio Macaé a diversidade de espécies dulciaquícolas é baixa em comparação às outras com as demais bacias do Estado. São relatadas 105 espécies de peixes entre nativos e exóticos, existentes nos rios, lagoas e estuários da RH-VIII.
Fonte: Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Macaé e das Ostras. 2014. Relatório de Caracterização da Área de Estudo. Disponível aqui.
Águas Subterrâneas
A Região Hidrográfica Macaé e das Ostras – RH VIII apresenta dois domínios geológicos distintos: o das rochas cristalinas e o das rochas sedimentares.Regionalmente, as características geológicas de cada um desses domínios condicionam a ocorrência de dois sistemas diferentes de aquíferos, sendo um do tipo fissural (com porosidade secundária) e outro do tipo sedimentar (com porosidade primária).
Conceitualmente aquífero é definido com uma unidade rochosa ou de sedimentos que armazena e transmite (fornece) volumes significativos de água. Os aquíferos representam 20-30% dos fluxos de base dos rios. No sistema do tipo aquífero fissural a água subterrânea, quando ocorre, percola as fraturas e falhas existentes nos maciços rochosos. Já no sistema do tipo aquífero sedimentar a ocorrência de água subterrânea está condicionada a presença de camadas espessas de litologias permeáveis e porosas como os arenitos.
Na região, o sistema Aquífero Cristalino está representado pelos plútons magmáticos dos granitos Sana (Cgrs), São Pedro (Cgrsp) e Nova Friburgo (Cgrnf); os granitóides da Suíte Desengano (Npsd), da Unidade Desengano (Npsdu) e da Unidade Glicério (MNpsg); os gnaisses do Complexo Região dos Lagos (PPrl), da Unidade Região dos Lagos-porfirítico (PPrlp) e da Unidade Crubixiais (Nscb). Para o sistema de aquífero sedimentar a representação ocorre pelos depósitos Alúvio-Coluvionares (Qha), Flúvio-Lagunares (Qhfl) e os Depósitos de Restinga, Eólicos e Marinhos (Qphrm).
Vulnerabilidade dos Aquíferos
O PRH da RH VIII definiu que os sistemas aquíferos correspondentes às coberturas inconsolidadas sobre rocha cristalina fraturada, que compõem grande parte da RH VIII são livres, apresentam níveis freáticos pouco profundos e são, portanto, bastante vulneráveis a uma contaminação de suas águas.
As áreas cobertas por sedimentos arenosos e argilo-arenosos seriam as mais frágeis,seguidas pela grande área cristalina coberta por colúvios e solos residuais, que podem apresentar alta permeabilidade estando em contato hidráulico direto com o cristalino fraturado.
A ocupação desordenada em diversas áreas da RH VIII, principalmente por populações de baixa renda, na maioria das vezes sem a implantação de infraestrutura de saneamentobásico é preocupante, já que o esgotamento sanitário de boa parte das moradias se dá por meio de fossas construídas sem nenhuma técnica sobre terrenos permeáveis, conectados diretamente aos reservatórios de água subterrânea.
A preocupação com a contaminação dos aquíferos da região deve estender-se também às indústrias que despejam produtos químicos de forma inadequada nos terrenos.A contaminação dos aquíferos pode se dar também pela infiltração do chorume de lixões e cemitérios, geralmente implantados sem levar em conta a permeabilidade dos terrenos nos quais se localizam.
O potencial de contaminação por salinização das águas subterrâneas na RH VIII limita-seaos depósitos sedimentares arenosos de origem marinha situados na zona costeira, todoseles de expressão insignificante, utilizados somente para captações de volumes desprezíveis de água para abastecimento doméstico. O processo de salinização desses aquíferos pode ocorrer quando se dá a superexplotação da água doce neles contida, com a consequente substituição pela água salgada do mar. Tal situação não deve ser esperada na Região face à inexpressividade da utilização desse recurso.
Para obter informações sobre as águas subterrâneas acessar o site da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais, no Projeto Rio de Janeiro, disponível em: http//www.cprm.gov.br/geo/rjinicio.html
Muitas informações podem ser obtidas ainda no Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ), que recentemente editou uma cartilha para orientar usuários de poços domésticos, disponível em: https://www.drm.rj.gov.br
Fonte: Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Macaé e das Ostras. 2014. Relatório de Caracterização da Área de Estudo. Disponível aqui.