Problemas quanto à falta de água, lançamento de esgoto in natura nos corpos hídricos, falta de manutenção na rede de drenagem e ausência de coleta de resíduos sólidos estão entre as preocupações demonstradas pela juventude da Região Hidrográfica dos rios Macaé e das Ostras (RH VIII). Durante o VIII Fórum Água e Juventude, realizado no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, em Macaé, no dia 12 de setembro, foi elaborada uma carta pelos jovens da RH VIII com intuito de consolidar as discussões do dia e materializar os anseios despertados no evento.
O Fórum Água e Juventude visa reunir a juventude para debater sobre a importância da água e o papel da juventude na gestão democrática dos recursos hídricos. Com a participação de cerca de 70 jovens, o tema deste ano foi “A participação da juventude na reconstrução das políticas públicas de recursos hídricos na RH VIII: O CBH e o saneamento básico”.
O evento foi organizado pela Câmara Técnica de Educação Ambiental, Comunicação e Mobilização (CTEACOM) do CBH Macaé, coordenada pela professora Virgínia Sá Rego, representante da Casa dos Saberes, e pelo Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ).
Além de apresentações e debates, a programação do evento também contou com uma visita pela restinga. As educadoras ambientais do Parque Nacional de Jurubatiba forneceram explicações sobre o bioma e os jovens percorreram uma trilha até a Lagoa de Jurubatiba.
Confira na íntegra a VIII Carta da Juventude 2023:
VIII Carta da Juventude – VIII Fórum Água e Juventude
Nós, jovens presentes no VIII Fórum Água e Juventude do Comitê de Bacias dos rios Macaé e das Ostras, realizado no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, no dia 12 de setembro de 2023, debatemos a temática “A participação da juventude na reconstrução das políticas públicas de recursos hídricos na RH Macaé e das Ostras: O CBH e o saneamento básico”.
Através do olhar jovem, notamos e constatamos problemas quanto: à falta de abastecimento de água; ao lançamento de esgoto in natura nos corpos d’água; às enchentes decorrentes da falta de manutenção da rede de drenagem de água pluvial; à ausência de coleta de resíduos sólidos em áreas urbanas e rurais e frequências distintas de coleta nos bairros atendidos, privilegiando localidades; à má divulgação dos dias e horários de passagem dos caminhões de resíduos; à destinação inadequada de resíduos, gerando pequenos “lixões” em terrenos baldios; à rede de esgoto ineficiente e à frequência de manutenção inexistente/ineficiente da rede de esgoto.
Desta forma, pontuamos algumas propostas para que essa situação seja revertida:
Execução de projetos de Educação Ambiental com viés crítico;
Ampliação de sistemas de tratamento de esgoto com manutenção predefinida e eficiente;
Transparência na divulgação dos dados de análise da qualidade da água pelas concessionárias;
Uso das redes sociais como divulgação do tema e despertar crítico para atingir o público jovem;
Executar e incentivar alternativas ambientalmente mais adequadas para destinação de resíduos sólidos, como apoio às práticas de reciclagem e de compostagem individuais e coletivas.
Regulamentação rigorosa e sensibilização da sociedade visando sua conscientização, por parte do poder público.
O jovem tem o poder transformador, com isso, recomendamos que no IX Fórum Água e Juventude, em 2024 seja mantida a temática sugerida para o ano de 2022, visando ratificar o Art. 225 da Constituição Federal de 1988, onde “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Desta vez, sugere-se uma abordagem sobre os impactos socioambientais das mudanças climáticas nos recursos hídricos, considerando os efeitos da injustiça ambiental atrelados à importância da participação popular como forma de conter esses impactos.